A 27ª edição da Conferência das Partes (COP27) teve início na última semana em Sharm El-Sheikh, no Egito.
A maior conferência sobre clima da ONU reuniu líderes de nações, do setor privado, da academia e da sociedade, que debateram diversas pautas relativas ao universo da sustentabilidade e do combate às mudanças climáticas.
Sob o lema “Juntos pela Implementação” (#TogetherForImplementation), a agenda da primeira semana se debruçou sobre os temas de Finanças, Ciência, Juventude e Futuras Gerações, Descarbonização e Adaptação e Agricultura. A Cúpula dos Líderes Mundiais abriu a Conferência no dia 7 de novembro.
Além das pautas oficiais, a questão de “Perdas e Danos” foi oficialmente incluída na agenda da COP27 e deve ser uma das grandes preocupações até o final do evento.
Diversos protestos também marcaram esta primeira semana e uma série de eventos paralelos aconteceram nas chamadas Green e Blue Zones e nos Climate Action Hubs, como o Brazil Climate Action Hub.
Confira alguns dos principais destaques da primeira semana da COP27:
07/11
- Tem início a cerimônia de abertura da COP27;
- Os representantes das nações se reúnem para a Cúpula dos Líderes Mundiais;
- António Guterres, secretário-geral da ONU, discursa durante a Cúpula e afirma que “estamos em uma autoestrada para o inferno climático com o pé no acelerador”. O secretário pontuou, no entanto, que, “apesar de a atividade humana ser a causa da crise climática, é também a solução” e pediu às nações um pacto de Solidariedade Climática;
- O presidente do Egito, Abdel Fattah El-Sisi, também discursou e fez um apelo aos líderes para apoiarem o princípio de “Responsabilidade Compartilhada” para o alcance das metas climáticas;
- Diversos líderes de nações discursaram na sequência, de países em desenvolvimento a desenvolvidos. A última palestrante do dia, a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, focou seu discurso na questão de “Perdas e Danos”.
- O Reino Unido, que sediou a COP26 no ano passado, anunciou um “pacote voluntário de apoio ao clima com 26 países da União Europeia”.
08/11
- Continua a Cúpula dos Líderes Mundiais;
- Os “Climate Action Hubs” são inaugurados e o presidente da COP27, Sameh Shoukry, apresentou a “Agenda de Adaptação de Sharm El-Sheikh”, que “inclui 30 resultados projetados para acelerar uma Adaptação transformadora na África e no mundo em desenvolvimento”;
- Um painel de 17 especialistas em meio ambiente e finanças formado pela ONU entrega um documento com “dez recomendações principais para tornar os compromissos Net Zero comparáveis, críveis e – mais importante – efetivos na corrida para conter o aquecimento global”. O brasileiro Joaquim Levy foi um dos especialistas envolvidos na produção;
- Um outro relatório é lançado na Conferência apontando que “cerca de US$ 2 trilhões (aproximadamente R$ 10 trilhões) serão necessários a cada ano até 2030 para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e lidar com os efeitos da crise climática”;
- O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) fez um apelo às lideranças para que tomem medidas urgentes em relação à Adaptação para proteger crianças e adolescentes de eventos climáticos extremos;
- É inaugurado o Brazil Climate Action Hub, o espaço brasileiro da sociedade civil na COP27. Um debate sobre mulheres e Ação Climática marcou a abertura do espaço, com participação de “mulheres indígenas, quilombolas, representantes das juventudes, de empresas e da sociedade civil”.
09/11
- Começa a agenda temática da COP27, com o tema “Finanças”;
- O ambientalista e Nobel da Paz Al Gore apresentou a Climate Trace, uma nova ferramenta que mede emissões de carbono da atmosfera. “A ferramenta combina dados e imagens de vários sistemas de satélite com inteligência artificial para determinar as emissões reais de gases de efeito estufa, incluindo CO2 e metano, ao redor do mundo”;
- Relatório “A Maratona Amazônica” é lançado durante a COP27 e aponta como o Brasil pode liderar a economia de baixo carbono da Amazônia nos próximos anos. De acordo com o estudo, o país “pode mitigar 1,3 Gton de carbono até 2030 e contribuir com cerca de 1,9 Gton em excedente de carbono para o resto do mundo até 2050”;
- Um outro estudo divulgado apontou como a Crise Climática global poderá impactar as economias do continente africano, com queda de até ⅔ de seu Produto Interno Bruto (PIB) neste século, mesmo sendo o menos responsável pela crise;
- Duas grandes potências emissoras anunciaram estratégias ambiciosas: de um lado, China divulgou um plano para conter aumento das emissões de metano e, do outro, Estados Unidos revelaram um plano de compensação de carbono para ajudar países em desenvolvimento a acelerar sua transição energética;
- No Brazil Climate Action Hub, o painel #PhilanthropyForClimate apresentou a filantropia como um movimento global eficaz para o combate às mudanças climáticas, em especial em bases comunitárias;
- Protestos pelo fim do Financiamento de combustíveis fósseis marcaram o dia. Os ativistas também cobraram investimentos em transição para energia limpa, além de ajuda aos países mais pobres.
10/11
- A agenda temática continua com o tema “Ciência” e “Juventude e Futuras Gerações”;
- Jovens ativistas tomam conta da COP27 cobrando ações urgentes pelo futuro do planeta e da humanidade, especialmente em relação à questão de “Perdas e Danos”. Eles também protestaram em diversas áreas do evento;
- Roundtables discutiram, ao longo do dia, o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com foco na Ciência como um guia para combater a Crise Climática;
- A iniciativa Governadores pelo Clima, lançada na COP26 e que reúne governadores brasileiros pela Ação Climática, detalhou um “plano de Financiamento para captar recursos internacionais na transição verde da Amazônia”;
- Tendências em finanças sustentáveis no Brasil foi um dos destaques no Brazil Climate Action Hub. “O debate explorou como atores do mercado financeiro vêm sendo legalmente desafiados e estimulados a alinhar suas políticas, objetivos e operações com o Acordo de Paris”.
11/11
- “Descarbonização” é a pauta do dia na COP27;
- Relatório das Nações Unidas destacou “as indústrias de cimento, ferro e aço e produtos químicos e petroquímicos como os emissores mais significativos e identificou as principais medidas práticas para a transição para uma economia neutra em carbono”;
- Presidência da COP27 apresentou plano “para acelerar a descarbonização de cinco setores principais – energia, transporte rodoviário, siderurgia, hidrogênio e agricultura”, baseado na “Agenda Inovadora” adotada na COP26;
- Executivos da chamada “Aliança pela Descarbonização da Indústria” realizaram a primeira reunião na COP27, “com foco em seis pilares e facilitadores: energias renováveis, hidrogênio verde, bioenergia com captura, utilização e armazenamento de carbono, otimização do processo térmico, capital humano e financiamento”;
- Por outro lado, dois documentos apresentados na Conferência mostraram que a realidade ainda é preocupante. O primeiro deles, o “Global Carbon Budget 2022'', do Global Carbon Project, apontou que as emissões de CO2 atingiram recordes neste ano. Já o segundo, elaborado pela ONG alemã Urgewald, mostrou que mais de 650 empresas de exploração de petróleo e gás possuem planos de expansão desse tipo de combustível;
- No Brazil Climate Action Hub, a pauta de “Perdas e Danos” foi discutida sob a perspectiva de gênero e de territórios e a ambientalista Marina Silva foi uma das palestrantes. A pauta de “Racismo Ambiental” também foi debatida no espaço;
- O dia também foi marcado por diversos protestos contra o Financiamento de combustíveis fósseis.
12/11
- No último dia da primeira semana da COP27, os debates se concentraram em “Adaptação” e “Agricultura”;
- Pequenos agricultores de nações em desenvolvimento marcaram presença no evento, destacando o “impacto da crise do clima na produção de alimentos” e defendendo o investimento em Adaptação;
- Quatro iniciativas receberam destaque no dia, com foco em melhorar a qualidade de vida de nações em desenvolvimento até 2030: “Alimentação e Agricultura para a Transformação Sustentável”, “Respostas Climáticas para Sustentar a Paz”, “Vida Decente para uma África Resiliente ao Clima” e “Iniciativa sobre Ação Climática e Nutrição”;
- No Brazil Climate Action Hub, a pauta principal do dia foi “o papel do Financiamento global do clima na proteção das florestas tropicais”.
E continua a segunda semana
A COP27 segue a todo vapor nesta segunda semana e espera ainda debater e aprovar muitas resoluções em prol do futuro do planeta e da humanidade.
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