Guia das mudanças climáticas

COMPARTILHE

Imagine uma panela de pressão cozinhando sobre o fogo. Quanto maior e mais quente a chama, mais rápido e potente é o que acontece dentro dela.

Assim também é o mecanismo do aquecimento global, que há décadas preocupa cientistas e estudiosos do clima. Como no interior da panela, a temperatura da Terra também está aumentando e já é sentida em maior ou menor escala em todo o planeta.

Mas, diferentemente da chama que aquece a panela, que pode ser desligada a qualquer momento, o planeta continua a aquecer ano após ano, e consequências devastadoras ameaçam a vida na Terra como a conhecemos.

Uma dessas consequências são as mudanças climáticas.

Para entender o que são e por que existem, o ImPacto NetZero preparou um Guia das Mudanças Climáticas, respondendo a seis perguntas sobre o tema.

O que são mudanças climáticas?

Mudanças climáticas são alterações nos padrões gerais de clima da Terra causadas por fenômenos naturais ou por um conjunto de práticas humanas, como as emissões desenfreadas de gases de efeito estufa (GEEs), por exemplo.

O aquecimento global e o efeito estufa estão intimamente relacionados às mudanças do clima, produzindo graves impactos socioambientais, como perdas e danos a comunidades, aumento de eventos climáticos extremos, destruição de ecossistemas e de biodiversidades, e além.


Quais são as principais causas das mudanças climáticas?

Apesar de também serem causadas por fenômenos naturais, as mudanças do clima vistas e sentidas ao longo das últimas décadas  são frutos da ação humana desenfreada.

De acordo com a WWF Brasil, as principais atividades humanas associadas às mudanças climáticas são “a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para geração de energia; atividades industriais e transportes; conversão do uso do solo; agropecuária; descarte de resíduos sólidos (lixo) e desmatamento.”

Quais são os principais riscos e impactos das mudanças climáticas no Brasil e no mundo?

Em 2021, o 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontou que a Terra aqueceu mais de um grau celsius em comparação aos níveis pré-industriais e que esse aumento já era suficiente para gerar consequências catastróficas à vida no planeta.

Agora, um novo relatório do IPCC, de fevereiro deste ano, aponta e dimensiona os impactos das mudanças do clima se nada ou pouco for feito. Entre os destaques do IPCC estão a iminente inflexão de biomas, a estimativa de que três bilhões de pessoas podem sofrer “escassez crônica de água” e o dado de que os seres humanos estão perdendo a capacidade de se adaptarem.

No Brasil, em especial, essas mudanças podem gerar impactos socioambientais graves como secas ainda mais prolongadas, surtos de doenças infecciosas e produções agrícolas escassas.

Conheça outras três atuais consequências das mudanças climáticas.


Por que eu devo me preocupar com as mudanças climáticas?

Nas palavras do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, as consequências apontadas pelo novo relatório do IPCC sobre um planeta ainda mais quente são consideradas um “atlas do sofrimento humano.”

As mudanças climáticas são um risco para a vida de todas as espécies, em todas as esferas e em todos os lugares.

Isso significa que todas as pessoas, em maior ou menor grau, já são ou serão expostas aos mais diversos impactos das mudanças do clima, mesmo que sejam as menos responsáveis por elas.

Por isso, preocupar-se com um planeta mais justo, sustentável e resiliente é uma questão de sobrevivência tanto individual quanto coletiva.


Como podemos combater as mudanças climáticas?

Segundo Lincoln Alves, pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), reduzir significativamente as emissões de GEEs é a principal ação para combater as mudanças climáticas em curso. 

“Isso pode ser atingido de diversas formas, entre elas redução do desmatamento, restauração de áreas desmatadas, transição da matriz energética para energia limpa”, explica. Para tanto, são necessárias ações integradas, urgentes e estratégicas entre governos, setor privado e sociedade civil.

Alves ainda pontua que “melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação e adaptação” são aspectos importantes na luta contra as mudanças do clima.

De acordo com a ONU e o IPCC, “financiamento adequado, transferência de tecnologia, comprometimento político e parcerias” também são caminhos possíveis. Além disso, cada pessoa pode fazer sua parte, cobrando de seus governantes, realizando pequenas mudanças de hábitos no cotidiano e divulgando o conhecimento sobre a crise climática. 


Quais são os principais mitos sobre as mudanças climáticas?

As evidências da ciência climática, como os próprios relatórios do IPCC, continuam sendo uma ferramenta-chave na luta por um planeta mais sustentável.

“Não é preciso ser um expert para observar que a mudança do clima é real. Não será preciso esperar o futuro, a próxima década. A mudança climática já está afetando todas as regiões do globo, e seu impacto já é percebido em todos os setores estratégicos”, pontua Lincoln Alves.

Apesar de existirem ainda muitos mitos em relação às mudanças climáticas, aprofundar-se no assunto e difundir a ideia de que elas precisam ser combatidas com urgência é um dos caminhos para se alcançar um futuro possível.

Confira cinco mitos sobre as mudanças do clima.